Ocorreu mais um desastre natural, desta vez no Japão. Tsunami, terremotos, vazamentos nucleares (embora isso não seja culpa exclusiva da natureza).

É bom lembrar que a gente teve desatre natural por aqui também (enchentes e deslizamentos no Rio de Janeiro, alagamentos em várias partes do País, o escambau…).

Todo mundo sofrendo, a mídia noticiando tudo minuto a minuto e as pessoas agindo de formas estranhamente diferentes.

Aqui no Brasil (e nos States, em New Orleans, alguns anos atrás), logo após a catástrofe o que se viu foi um pandemônio: todo mundo revoltado, em desespero, saques a supermercados e aumento de crimes em geral. O povo todo destruindo lugares que ficaram em pé, protestando contra a demora do governo em enviar ajuda.

O negócio foi tão barra pesada que o prefeito de Nova Orleans teve que declarar Lei Marcial, dizendo, com todas as letras, que os policiais não precisariam se preocupar com direitos civis para deter os saqueadores.

No Brasil isso não aconteceu (a Lei Marcial, digo), mas aconteceu pior. No desastre ocorrido em Santa Catarina, em 2008 (se não me falha a memória) houve quem aproveitasse as vultosas quantias de donativos para pegar uma ou outra coisinha para si. E não estou falando daquelas pessoas que perderam tudo ou quase tudo não. Não. Quem praticava os furtos eram as pessoas responsáveis pela distribuição das doações (soldados ou voluntários).

Ou seja, no Brasil a Lei de Gérson é levada tão a sério que ninguém se importa, realmente, com o sofrimento dos outros, desde que possa levar alguma vantagem.

Mas e o Japão?

Ah, o Japão é outro mundo. Acompanhei emocionado, outro dia, a distribuição de alimentos por lá. Nada de helicópteros jogando coisas (como no Haiti e Malásia), mas tudo organizado, com fila e cada um pegando apenas a parte que lhe cabe.

É lindo ver que ninguém tenta furar a fila ou fazer amizade com os distribuidores para pegar um pouquinho a mais. Não, isso não acontece porque eles sabem que se uma pessoa receber mais do que o devido, outra pessoa vai receber menos e, por mais que eles não se declarem cristãos, é exatamente o tipo de atitude que O Grande Hippie aplaudiria de pé.

No Brasil não. Os brasileiros são tão burros que esquecem completamente do outro, desde que possa levar vantagem (Gérson outra vez…). No Brasil não havia filas, havia multidões desorganizadas quase sufocando os distribuidores (no Haiti e em New Orleans também…).

Acho que é por isso que não acontecem desastres de grandes proporções no Brasil (só algumas cidades são atingidas por vez, em vez do País inteiro): o Brasil não é atingido por um cataclisma simplesmente porque não sobraria nenhum humano vivo (talvez os políticos, mas não os considero de todo humanos).

E não, os desastres que vêm acometendo Pindorama (SC, RJ e outros menos falados) não são desastres naturais propriamente ditos. São, em sua maioria, reflexo da burrice do brasileiro, que insiste em desmatar tudo e morar em pé de morro, sendo que qualquer um com o mínimo raciocínio lógico sabe que a água da chuva, quando atinge o solo, tende a descer (gravidade, já ouviram falar?). Mesmo assim, insistem em edificar coisas no exato caminho por onde a água vai passar. É burrice ou não é?

Óbvio que a maior parcela de culpa é dos governantes (todos eles, não se iludam…), que preferem aumentar seu “curral eleitoral” abrindo caminho na natureza, onde não há espaço para tal ocupação. Aí todo mundo diz que tal político é bom, porque proporcionou moradia para as classes mais baixas. Nós sofremos com esse problema aqui no Planalto Central, pois o Roriz favelizou o Distrito Federal, regularizando um monte de invasões. E é heroi para esse povo. Bandido para o resto de nós, mas heroi para eles.

Assim também é o caso do Rio de Janeiro: as favelas foram criadas para acomodar a população mais carente e a ocupação dos morros foi ratificada (em alguns casos até incentivada) pelos políticos de lá. Aí o povo aplaude quando ganha casa nova, mesmo que seja no morro. Depois reclama que o governo não dá estrutura. Claro que não. Quem tem poder de parar a natureza? Nem os Estados Unidos e o Japão, superpotências, anos-luz à frente do Brasil conseguiram aplacar as forças naturais, será mesmo que esse povo é tão burro que pensa que o governo tem alguma condição de evitar as tragédias?

Na verdade tem sim: basta não permitir que ocupem os morros. Mas como os políticos se manterão no poder se não houver gente que não pensa no bem estar social para votar neles? Se só houvesse, no DF, pessoas com bom nível intelectual, o Roriz não ganharia eleição nem para síndico, quanto mais para Governador! O mesmo se aplica a todo o resto do País. Gente desqualificada ganha eleição porque gente desqualificada vota.

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Ok, a discussão tomou rumos não esperados ou desejados.

O foco que se deve manter é: no Japão as coisas funcionam, mesmo em uma catástrofe, porque o povo de lá sabe que o bem estar social suplanta o bem estar individual. Enquanto o Brasil não aprender essa lição tão óbvia e simples (sim, porque quando a sociedade está bem, os indivíduos também estarão) não há a menor possibilidade de sobrevivência a algum cataclisma, ou mesmo de evolução (econômica, tecnológica e tudo o mais…).

E, galera, o mundo está mudando e o fim do mundo como o conhecemos está próximo. Arrependei-vos, porque é chegado o tempo. (pff, KKKKKK!)

Agora sério. Num País em que mais de 90% de sua população se declara cristã, o mínimo que se poderia esperar é que houvesse respeito para com os próximos (não precisa do amor ao próximo, porque amor é algo complexo, mas o respeito já seria bom).

E como se faz isso, esse negócio de respeitar o próximo?

A pergunta é válida, já que, depois de Gérson, ninguém mais sabe como fazer isso. É muito simples: basta pensar antes de agir e, antes de fazer ou falar qualquer coisa, coloque-se no lugar do outro e veja se há a possibilidade de alguém sair prejudicado por sua ação. Pronto. Quando as pessoas conseguirem só fazer aos outros o que gostariam que os outros lhes fizessem, então poderemos sobreviver a um desastre real, algo de grandes proporções.

Pense nisso.

Boa sorte aos habitantes do Japão, pois pessoas que pensam nos outros antes de si merecem tudo de bom.