Aniversário (outra vez…) sábado, abr 21 2012 

Eu odeio aniversários! (não, não é meu aniversário, que, segundo consta, acontece apenas na segunda metade do ano)

Acho que esse evento só serve mesmo para afastar ainda mais as pessoas que eu gosto de mim.

Digo isso porque eu não sou uma pessoa comum e as pessoas comuns não entendem ou aceitam isso. Eu realmente não acho relevante contar o tempo nem comemorar a passagem dele. O tempo continuará passando, quer nos lembremos dele ou não; quer comemoremos ou não.

Mas as pessoas ainda fazem questão de receber presentes e parabéns todo ano, no mesmo dia e mês, e eu não faço a menor questão de atender a essa espectativa, mas as pessoas ainda insistem.

O que faço? Finjo que me importo, porque as pessoas acreditam que precisam ser tratadas com gentileza. Ou finjo que não me lembro, o que faço com mais frequência, mas algumas pessoas parecem não entender a indireta, mesmo sabendo que esse imbecil desse Facebook vive escrevendo ali no canto que tem alguém fazendo aniversário hoje.

Agora, amigos que se importam em ter uma vida social, me respondam a seguinte questão:

Por que as pessoas têm o costume de preferir se relacionar com uma pessoa gentil do que com uma pessoa sincera?

Tenho refletido bastante a esse respeito e cheguei à conclusão que, na maioria qualificada das vezes (cerca de 4/5), não consigo ser os dois. Não que eu me esforce, mas não consigo.

Os casos de aniversário são os mais emblemáticos (embora falecimentos causem certas situações estranhas também): ou dou os parabéns por uma coisa tão esdrúxula quanto fazer aniversário (pura gentileza sem qualquer sinceridade) ou não dou a mínima para o dia em que alguém nasceu, afinal trata-se apenas de ter passado mais um ano desde que você foi expelido pelo corpo da sua mãe (pura sinceridade, mas me chamam de grosso toda vez que falo isso).

À exceção dos carcereiros do Dantes em Monte Cristo, alguém dá a um prisioneiro lembranças de cada ano em que ele cumpre sua pena? Não? Nem eu!

Por que as pessoas ainda ficam chateadas quando não dou os parabéns a elas? Elas preferem que eu minta, dizendo o quão importante é ter vivido mais um ano? Não é!

Se fossem traficantes ou dependentes químicos tudo bem, afinal, nesses casos, um dia a mais de vida pode ser fartamente comemorado (embora nos dois casos a situação periclitante seja culpa da própria pessoa). Agora, pessoas que estão tranquilas, vivendo normalmente, ficando magoadinhas por não receberem a “devida” congratulação por algo (ficar vivo) que não é mais que sua obrigação?

Por favor, tenham um pouco mais de amor próprio ou, ao menos, de respeito. Essa necessidade de afagos é de uma egolatria irritante. Eu não me importo com sua idade, mas com o que você pode me ensinar do tempo que você tem vivido.

Ficar mais velho não é nada extraordinário (assim como morrer). Até amebas envelhecem (e morrem), é o ciclo natural da vida. Você acha que é especial? Por que? Por ser pluricelular, ter telencéfalo desenvolvido e polegar opositor? Não é!

Ao fim e ao cabo, todos somos apenas um monte de ossos dentro de um saco de carne e pele (e gordura, no meu caso), assim como qualquer outro animal. Tudo bem organizado, verdade, mas nada mais que isso. Temos nossa consciência, mas isso não torna o momento em que somos expurgados do organismo materno (ou quando nossa consciência se liberta do corpo) uma data especial.

Afinal, só tomamos consciência real de que somos alguma coisa bem depois do nascimento.

Taí: deveríamos comemorar o nosso aniversário como sendo o dia em que descobrimos que existimos, afinal, qual a diferença entre o que somos ao nascer e um animal qualquer? Nenhuma! Só comemos, babamos, dormimos e cagamos (não necessariamente nessa ordem o com a mesma frequência). Só depois de muitos meses que começamos a interagir realmente com o mundo e percebemos que o mundo interage conosco. Neste momento é que passamos a saber que existimos, ativando nossa consciência.

Nosso nascimento, em verdade, só é especial para nossos pais, que lembram o momento. Para nós é irrelevante, pois não lembramos de nada. O sentimento, ao menos o meu, depende quase que exclusivamente da memória, então não consigo sentir nada sobre um fato de que não me lembro, logo, não tenho como ficar feliz pelo dia em que nasci (não me lembro), assim como não consigo ficar triste com a morte de pessoas que não conheço (curiosamente é que choro assistindo alguns filmes, mas não choro na vida real). Se bem que não fico triste com a morte das pessoas que conheci e das quais tenho lembranças também, mas isso é outro tópico.

Enfim, não comemoro aniversários: os meus ou de qualquer pessoa. Também não gosto de ir a funerais ou enterros (se possível, gostaria de nem estar presente ao meu próprio funeral). Alguém quer ser meu amigo? Conviva com isso e não me aborreça com carências exarcebadas.

Quem tem amor próprio não precisa da aprovação dos outros.

Dúvida segunda-feira, mar 19 2012 

Vamos começar a semana com um debate interessante.

Cresci ouvindo que Iron Maiden é coisa do diabo por causa da música The Number of the Beast (tá, tem o Eddie também, mas ele é infensivo).

The Number Of The Beast

” Woe to you, Oh Earth and Sea,
for the Devil sends the beast with wrath,
because he knows the time is short…
Let him who hath understanding reckon
the number of the beast for it is a human number,
its number is Six hundred and sixty six.”

I left alone, my mind was blank.
I needed time to think to
Get the memories from my mind.

What did I see, can i believe,
That what I saw that night was real
and not just fantasy.

Just what I saw, in my old dreams,
Were they reflections of my warped mind
staring back at me.

‘Cause in my dreams, it’s always there,
The evil face that twists my mind and brings
me to despair.

The night was black, was no use holding back,
‘Cause I just had to see, was someone watching me.
In the mist, dark figures move and twist,
Was all this for real, or just some kind of hell.
666 the number of the beast.
Hell and fire was spawned to be released.

Torches blazed and sacred chants were praised,
As they start to cry, hands held to the sky.
In the night, the fires are burning bright,
The ritual has begun, Satan’s work is done.
666 the number of the beast.
Sacrifice is going on tonight.

This can’t go on, I must inform the law.
Can this still be real or just some crazy dream.
But I feel drawn towards the chanting hordes,
They seem to mesmerize…can’t avoid their eyes,
666 the number of the beast.
666 the one for you and me.

I’m coming back, I will return,
And I’ll possess your body and I’ll make you burn.
I have the fire, I have the force.
I have the power to make my evil take it’s course.

 
A música fala de um sonho que o indivíduo teve em que ele visitou o inferno e viu Lúcifer (portador da luz… isso é que é nome imponente) organizando a invasão ao nosso mundo. Depois do sonho ele ficou confuso sobre alertar o mundo para que as pessoas se preparassem ou se ele deixava para lá por ter sido “apenas” um sonho.

Isso não é ser satanista, afinal foi um sonho. Agora tem uma outra música em que o inferno é retratado de forma real e o protagonista realmente vai lá. Falo de Hotel California.

Hotel California

On a dark desert highway, cool wind in my hair
Warm smell of colitas, rising up through the air
Up ahead in the distance, I saw a shimmering light
My head grew heavy and my sight grew dim
I had to stop for the night
There she stood in the doorway;
I heard the mission bell
And I was thinking to myself,
‘This could be Heaven or this could be Hell’
Then she lit up a candle and she showed me the way
There were voices down the corridor,
I thought I heard them say…

Welcome to the Hotel California
Such a lovely place
Such a lovely face
Plenty of room at the Hotel California
Any time of year, you can find us here

Her mind is Tiffany-twisted,
She got the Mercedes-Benz
She got a lot of pretty, pretty boys,
That she calls friends
How they dance in the courtyard, sweet summer sweat.
Some dance to remember, some dance to forget

So I called up the Captain,
‘Please bring me my wine’
He said, ‘We haven’t had that spirit here since nineteen sixty nine’
And still those voices are calling from far away,
Wake you up in the middle of the night
Just to hear them say…

Welcome to the Hotel California
Such a lovely place
Such a lovely face
They livin’ it up at the Hotel California
What a nice surprise, bring your alibis

Mirrors on the ceiling, the pink champagne on ice
And she said ‘We are all just prisoners here,
of our own device’
And in the master’s chambers,
They gathered for the feast
The stab it with their steely knives,
But they just can’t kill the beast

Last thing I remember, I was
Running for the door
I had to find the passage back
To the place I was before
‘Relax,’ said the night man,
We are programmed to receive.
You can checkout any time you like,
but you can never leave!

 

Em Hotel California, o cara tá dirigindo numa boa, fumando um baseado e encontra um hotel (adivinha o nome do estabelecimento…). Ele sente uma necessidade de entrar, é levado para um quarto e começa a ouvir vozes dando-lhe as boas vindas e percebe que lá é sempre festa, com danças e comidas. Logo ele é avisado que lá não tem vinho que algumas pessoas dançam para lembrar e outras para esquecer. Por fim nosso heroi descobre que os chefes não podem morrer e torturam alguns deles, porque são todos prisioneiros e ele próprio agora é um, porque pode desocupar o quarto, mas nunca sair do hotel.

É óbvio que a conclusão de que o hotel em questão é o inferno depende de interpretação, ao contrário de Number que é bem literal. Vou interpretar, então.

Na boa: o cara bateu o carro, morreu e foi parar no inferno (até porque ele tava fumando um hash e, se bateu o carro por causa disso, é suicídio e suicídio é mau, muito mau). Uns dançam para lembrar (como era ser vivo) e outros para esquecer (que estão mortos e no inferno). Eles não têm vinho. Já ouvi que era por ser uma bebida sagrada, mas isso é besteira. A verdade é que o vinho altera a percepção da realidade e os “chefes” querem que cada um dos “hóspedes” se mantenha consciente de sua condição, ou a vida no inferno seria um paraíso. Por isso uns dançam para esquecer; não há outra forma de fuga. E, por fim, eles estão abertos o ano todo, com uma infinidade de quartos, sempre preparados para receber mais um e ninguém nunca sai. Inferno, inferno e inferno.

Mas o que é curioso é como as pessoas idolatram Hotel California por ser uma balada e muitas execram Number of the Beast por ser heavy metal, embora a temática seja a mesma: um pouco de inferno na Terra. A diferença é que em Hotel California o cara realmente morre e vai para o inferno, mas em Number of the Beast é apenas um sonho.

Nos dois casos pode haver drogas envolvidas e tudo ser uma alucinação, mas só em Hotel California isso é explícito (essas colitas eu não sei não, hein…). Ainda assim Iron Maiden é do diabo e Hotel California é uma das músicas mais ouvidas da história.

Só eu acho que tem alguma coisa errada com o mundo? Se não está, por que as pessoas implicam tanto com o Heavy Metal, se 83,7% de suas músicas possuem temática comum a diversos outros estilos?

Próxima Página »