Humans don’t fly. sábado, abr 26 2008 

Sobre o título, significa, para aqueles não versados na língua mater do Iron Maiden (tá eu também não falo inglês, mas o blog é meu e me dou o direito de fazer uma gracinha, às vezes), “Humanos não voam”. Eu pensei em fazer algo que ficaria engraçadinho e que remeteria, imediatamente, a uma outra tentativa de vôo frustrada: a da menina Isabella. Infelizmente não consegui pensar em nada, então criei este parágrafo só para dizer que sim, acho uma tremenda piada tudo o que tem acontecido no País ultimamente. E por que todo mundo quer voar?

Não bastasse a palhaçada sobre o caso Nardoni, resolveram, na última semana, ficar enchendo o saco por causa do padre que se pendurou em um monte de balões de festa. Na boa, Prêmio Darwin com louvor para ele, que esse mereceu (embora eu acredite que ele não geraria descendentes mesmo, afinal era padre).

Para quem não passou pela Via Láctea nos últimos dias, esclareço: um dia desses aí aparece um padre que queria bater o recorde (ou seria récorde?) de “permanência no ar pendurado em balões de festa”. Eu não sei de todos os detalhes, como, por exemplo, como ele pretendia guiar sua geringonça, onde iria pousar e como ele faria isso, mas acho que não houve o devido planejamento por parte do asno padre.
Aí, o que ocorre? O cara perde o controle (se é que o controle existiu em algum momento) dos balões, é levado para o mar e perde contato com o continente. Alguma dúvida de que ele foi fazer companhia para o Ulisses Guimarães? Não, né? Morreu mesmo.
Eu sei que isso não deveria ser engraçado, mas algum mané na televisão teve a manha de falar para o repórter que tinha esperança de encontrar o padre vivo, “esperando em alguma ilha perdida por aí”. Cara, acho que eu nunca tive um acesso de gargalhads tão violento. Olha só o tamanho da estupidez do cara. ALÔ! Você já deu uma olhada no mapa do Brasil? Tem mais de 500 anos que chegaram por aqui. Você acha mesmo que já não rodaram a faixa de mar territorial inteira do País, mapeando todas as ilhas existentes? Só uma pessoa muito obtusa falaria algo assim.
Bom, talvez não seja obtusidade. Talvez seja apenas a fé humana se apegando a qualquer migalhazinha de esperança para não sofrer. Se as pessoas se ligassem que todo mundo morre e que isso é inevitável, talvez não sofreriam à toa. Aliás, se esse indivíduo que falou esse lance aí da ilha perdida raciocinasse direito, saberia que, na verdade, era isso mesmo que o padre queria: ir para mais perdo do Criador.
Pensa comigo: o cara sobe em um amontoado de balões de festa, dos quais ele não tem o menor controle, posto que os mesmos vão para onde o vento levar, não tem, até onde vi, nenhuma experiência com aparelhos planadores (asa delta, pára-quedas, essas coisas) e não planeja nem um limite de segurança para o caso de os balões o levarem para o mar (esse limite seria algo como: se eu me afastar dois metros da praia, eu estouro os balões para não morrer em alto-mar). Coisa que qualquer ser com o mínimo de inteligência faria.
Mas ele não o fez. Por que? Porque o cara queria mesmo era morrer. Era um suicida, o padre. Só por isso. E ainda ficam aí os manés movendo toda a guarda costeira (marinha, eu sei…), bombeiros, gastando uma grana medonha (do Estado, ou seja, minha e sua também) para tentar resgatar uma cara que simplesmente decidiu morrer.
Cara, juro que não tenho nada contra suicidas: quanto mais deles, menos pessoas no planeta e menos o Efeito Estufa vai atrapalhar minha vida. O que me incomoda é toda essa mobilização para se salvar um idiota. Se o cara quis se matar (e esse conseguiu), para quê ficar toda essa babação na TV e essa trabalheira toda? Na boa? Nunca vou entender o ser humano. O cara quer se matar, deixa, velho.
Não, senhoras e senhores, não sou a favor do suicídio, assim como não sou a favor do aborto. Quando digo que não sou a favor, quero dizer que eu não faria (tá eu não teria como fazer um aborto mesmo que quisesse, afinal homens não engravidam), mas não vou tentar impedir alguém que queira. Lembrem-se: eu sou a favor da liberdade. Mais que a vida, a liberdade é o bem mais importante que temos. E ser livre é isso: poder fazer o que quiser da minha vida, desde que eu não prejudique terceiros. Se o cara quer se matar, é problema dele. É ele quem vai ter que acertar as contas do outro lado, não eu. Então, foda-se!
Quanto ao Prêmio Darwin citado no primeiro parágrafo, para quem não sabe, trata-se de uma brincadeira, em que se distribui, ficticiamente, congratulações para qualquer um que consiga se matar (ou ficar estéril) fazendo uma burrada muito grande. Bom, acho que o padre dos balões preenche esses requisitos.
Aliás, o site Darwin Awards (precisa mesmo traduzir isso?) até já tocou no assunto e está só aguardando a confirmação (o corpo, né?) de que a estupidez foi consumada para premiar o indivíduo e colocá-lo no seleto rol dos imbecis.
Abraços.

Como nos velhos tempos… quinta-feira, abr 24 2008 

Atualmente eu tenho me sentido cada vez mais um romano. Não, nobre leitor, você não leu errado: é romano mesmo. Mais para frente fica tudo explicadinho, como sempre. Por enquanto vamos nos ater a alguns fatos que, apesar de parecer teoria da conspiração, não passa de uma qualidade que o pessoal da TV tem que eu invejo demais, que é o senso de oportunidade. Não entendeu, né? Explico no próximo parágrafo. A ele, então!
Eu não acredito e simplesmente não consigo achar sequer minimamente racional se acreditar em algo como o acaso ou a coincidência. De fato, coisas desse tipo não têm como existir. Não fazem sentido. Entretanto, olhem só como é o nosso País e vejam se não tem algo de estranho nos fatos narrados no próximo parágrafo (é, eu tenho compulsão por fazer parágrafos, qual é o problema? Tem gente que é vascaíno, corinthiano e outras coisas de “segunda” linha, oras…).
Há algum tempo (bem pouco tempo, se bem me lembro) houve uma fiscalização finalmente levada a sério e descobriu-se que havia algo de estranho no reino dos cartões corporativos. Gozado que, quando a CPI começou a arrochar mesmo, já tendo convocado convidado a senhora ministra-chefe da Casa Civil para depor perante os parlamentares, misteriosamente as TVs, jornais e revistas (salvo algumas louváveis exceções) deixaram de dar destaque para o ocorrido, ocupando sua programação com assuntos de menor importância, mas com impacto fulminante nos corações dos fracos e imbecis em geral, que ainda não entenderam que todo mundo morre um dia; gente que ainda se comove com a morte de quem não é sequer amigo, quanto mais parente seu.
Sim, caríssimo visitante, é isso mesmo que você, do alto de sua sapiência, está pensando: estou falando (mais uma maldita vez, devo reconhecer) do caso Isabella Nardoni. Essa guria não podia ter escolhido hora melhor (na visão dos políticos e da mídia em geral) para brincar de (coloque aqui o nome de qualquer super-heroína que possa voar, pois não me lembro de nenhuma agora). É um homicídio de uma criança, onde há a possibilidade de ter o mesmo sido cometido pelo pai ou pela madrasta da menina? Sim, esse é o caso. E daí? É só mais um caso, entre tantos que não são noticiados. Violência doméstica é algo tão banal em nosso País que foi editada a Lei 11.340/06 (conhecida com Lei Maria da Penha) para tentar coibir ao máximo a violência doméstica contra a mulher (criança também entra na conta, aqui). Se fosse uma coisa esporádica, fora do comum, as leis que existiam antes da 11340 seriam suficientes. Violência doméstica é, infelizmente, uma coisa normal, hoje em dia em nosso País. Tanto é uma coisa comum que, dois dias depois de Isabella, teve outra criança, não lembro onde, que foi jogada de um prédio.
[mode “alerta contra imbecis que não entendem o que lêem”: on]
Não estou aqui dizendo que concordo com a violência doméstica. Não concordo e acho que o cara que espanca a família tem levar uma boa sova dos meganha, de quebrar ossos, para entender o significado da palavra covardia. Mas o fato de eu não concordar com determinada prática, não quer dizer que eu tenho que ser um mané e fingir que isso não acontece. Acontece sim, todos os dias e bem mais do que vocês possam imaginar. Portanto não percam seu tempo me atacando dizendo que eu faço apologia à violência doméstica, ou que eu sou um fã do casal Nardoni, porque eu não faço e não sou.
[mode “alerta contra imbecis que não entendem o que lêem”: off]
Perceberam o que eu estou dizendo? A mídia estava noticiando cada passo dos cartões corporativos que se a vida deles dependesse disso. Do dia para a noite tudo muda. Acontece de uma menina totalmente comum tentar voar do sexto andar do prédio onde morava e isso se transformar numa história de assassinato que envolve ciúme, possessividade, inveja, amor e ódio… Enfim, todos os ingredientes que fariam uma novela mexicana (ou do SBT, tanto faz) de sucesso. E param de noticiar (ou reduzem o espaço de tais notícias) sobre o que realmente importa: que fim vai levar aquele bando de safado que sempre dá um jeitinho de se utilizar do NOSSO dinheiro para seus próprios fins.
OI! Volta para a realidade, filho!
O que ocorre realmente é que, certamente, houve alguma pressão de políticos interessados na não continuação da CPI ou da não punição dos culpados sobre os meios de comunicação massivos (a televisão, principalmente) para que dessem um jeito de não ficar em cima das investigações e apurações de eventuais desvios feito com o uso dos tais dos cartões (aliás, quem foi o ser tremendamente estúpido que inventou de dar cartão de crédito a político?).
Aí é que vem a qualidade da mídia que eu invejo: o senso de oportunidade. Os caras foram capazes de transformar um caso banal no mais brutal crime já cometido no País. Eles tiveram a manha de ocupar mais de 1/3 da sua programação (no caso das TVs) só com notícias (na maioria das vezes, absolutamente irrelevantes) sobre o andamento do caso Isabella Nardoni. Até eu entrei nesse estapafúrdio círculo, já tendo falado do mesmo assunto mais de uma vez, coisa que é rara por estas plagas.
Aí, na boa: sou eu, ou realmente há algo de estranho acontecendo por aqui? Não é possível que seja coincidência e não acredito que alguém matou aquela (justamente aquela) guria só para encobrir as merdas que o governo faz. Só o senso de oportunidade explica isso. Mas vejam que é extamente o que está parecendo.
[momento viagem: on]
Até visualizo os deuses (aliens) concatenando lá em cima:
– Caráleos, já estão chegando perto com esse negócio de CPI. O que podemos fazer para que ninguém nos descubra?
– Sei lá. Vamos tentar chamar a atenção do estúpido povo brasileiro para alguma outra coisa. O que faz sucesso nesse País de sub-cultura?
– Carnaval, bunda, final misterioso de novela e copa do mundo…
– Ah, que saudade daquela Odete Roitman! Lembro que muita merda que os políticos da época fizeram ficou por isso mesmo. A Constituição Federal, por exemplo. Quer demonstração maior de manipulação do povo em favor dos parlamentares? A CF pode, tranqüilamente, ser chamada de mãe pelos políticos do País, graças às prerrogativas de foro e outras putarias que envergonhariam até o Al Capone.
– É, foi jogada de mestre aquela.
– Mas não tem nenhuma novela que seja tão interessante e que tenha um mistério razoável, como teve em Vale-Tudo. O carnaval também já passou. Isso não ajuda em nada. A Copa vai demorar. Bunda é algo que ainda desperta alguma atenção, mas não é como antigamente: hoje em dia, toda mulher mostra a bunda por aí, então nem causa mais comoção.
– Então, que tal… Que tal um crime bárbaro?
– Taí, essa é uma boa idéia. Como vai ser?
– Sei lá. Vamos matar uma criança e fazer parecer que foi o pai dela. Os humanos não podem nos ver mesmo, então todos vão achar que foi ele mesmo. Só que nós precisamos é de uma boa cobertura da mídia.
Eis que entra o ilustríssimo senhor Roberto Marinho e diz:
– Sem problema, chefia! Minha Rede vai noticiar isso 24 horas por dia.
Não bastando um pilantra, aparece também o ACM e diz:
– E eu manipulo os números do IBOPE para as outras emissoras ficarem com inveja e noticiarem também. Tenho larga experiência com placares eletrônicos e essas coisas…
[momento viagem: off]
Eu sei que não existem deuses e que, caso eles existissem, Roberto Marinho e ACM certamente não estariam no céu com eles. Mas parece que foi tudo armado. E vocês ficam aí, tentando descobrir quem matou a Odete Roitman/Isabella Nardoni, com o que tem acontecido com os BBBestas e o que está acontecendo nas novelas e pseudo programas de humor (sério, Dado, Zorra Total não tem nenhuma graça…).
Sério mesmo. Por que a gente não faz logo a Revolução, hein? Eu acho que os políticos só vão melhorar quando começarem a aparecer cabeças de parlamentares em estacas na porta do Congresso. E o povo só vai aprender a dar valor à sua liberdade e aos seus direitos quando vier uma ditadura e lhes tirar tudo isso. Também não gosto de totalitarismo (mentira, gosto sim…), mas acho que toda forma de governo é justa, quando é em favor do povo. Sério, velho, eu quero ditadura já! É o único jeito de fazer o povo se preocupar com o seu futuro e com o futuro do País.
Nas últimas ditaduras as artes brasileiras floresceram para algo realmente bom, como a Bossa Nova e a Tropicália, por exemplo. Em nossos tempos de democracia (é isso mesmo, democracia significa sistema de governo do demo…) o que temos é o axé, o funk carioca, a Kelly Key, o Latino e as coisas do Pará. Shame on you, Brazil!
É por isso que me sinto um romano: eles estão usando da velha tática dos Césares, que é a “manobra pão e circo”. Explicando: o imperador (não, não é o Adriano, ô asno), que no caso é aqui representado pelo Presidente, concede ao povo (eu copiei a idéia desse link do blog Catarro Verde, cujo link se encontra no lado direito de quem está lendo isso), mediante políticas assistencialistas, o que comer (bolsa-isso, bolsa-aquilo, bolsa-aquiloutro…) e, através de um jogo político com os meios de comunicação, oferece ao povo também a diversão necessária para que fiquem encobertas as falcatruas. Coisa de gênio, não? Não! É coisa de bandido, mesmo.

Abraços e não durmam tranqüilos, pois vocês estão sendo enganados e tratados como os imbecis que são e, como manés que também são, não vão fazer nada para mudar isso. Na boa, o que é mais importante? O julgamento de um assassino que cometeu um só crime contra uma única pessoa, ou a punição exemplar de quem traiu nossa confiança no Poder e ainda tenta nos fazer de otários? Eu tô me lixando pra Isabella; eu quero saber é da Dilma e do Renan…

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